ester grinspum – fausto

05 abr - 28 mai_2016

ester grinspum – fausto

Paralela à abertura da próxima edição da SP-Arte, a Galeria Raquel Arnaud inaugura mostras simultâneas com duas artistas que participaram da icônica exposição “Como vai você, Geração 80?”, realizada em 1984, na Escola de Artes do Parque do Lage, no Rio de Janeiro. O térreo do espaço recebe Arranjo, de Elizabeth Jobim, que volta à galeria depois de sete anos. Já no primeiro piso com Fausto, Ester Grinspum faz sua estreia no time de artistas da marchand Raquel Arnaud.

Em Fausto, Ester Grinspum (Recife, 1955) continua uma reflexão iniciada em 2013 sobre o romance Doutor Fausto, de Thomas Mann. Trata-se de uma retomada do célebre poema trágico de Goethe (que também foi alvo de pesquisa da artista), no qual Mann narra o pacto faustiano que o músico Adrian Leverkühn faz para realizar uma grande obra. Foi esse o contexto que inspirou Grinspum a produzir inéditos oito desenhos a lápis e cinco objetos em ferro que traduzem o fluxo singular entre plano e tridimensionalidade, muito presente na obra da artista.

Segundo Grisnpum, as obras representam os objetos encontrados no gabinete de Leverkühn, ou em um ateliê, já que a ideia é trazer o mito para as dúvidas do artista contemporâneo. O que a interessa no livro para Ester Grinspum são as questões do homem moderno que busca dar significado a sua vida, ou, transpondo para o seu meio, como o artista deve olhar para o mundo contemporâneo e tentar compreende-lo. “A resposta pode estar na pergunta que não cessa, no movimento constante”, afirma a artista.

Em “o livro do livro”, livro da artista lançado pela Cosac Naify em 2015, o crítico Cauê Alves comenta sobre a carga de idealidades, conceitos e pensamentos que a produção artística de Ester Grisnpum possui. Segundo Alves comenta, “A luz, tal como surge em sua produção, também possui sentido filosófico. Ela é metáfora da razão, tal como em sua origem iluminista, como livre exercício das capacidades humanas de tornar o mundo melhor, e, ao mesmo tempo, é elemento livre de qualquer utopia e função, objeto da poética da artista integrado à composição de cada obra”. Em outro momento o crítico conclui, “Pensamos sobre vazio porque Ester Grinspum nos chama a atenção para a ausência, para o sentido filosófico do nada, e nos aponta a dificuldade em delimitá-lo. Mais que uma questão espacial seus desenhos nos revelam o movimento do tempo”.